Sexta-feira, 30 de Maio de 2008
...

Acreditam no imprevisível? Deixo isso à vossa consideração. A verdade é que andava eu pensativo rodando para trás e para a frente sem saber o que fazer. Ao pensamento vinha-me o chamamento de uma velha amiga que faz tempo, largo tempo, que não visito.Tento uma abordagem parando o carro próximo do que eu suponha que ainda fosse a sua casa. A porta principal do edifício estava aberta o que me facilitou a vida, no entanto apesar de insistentemente tocar à campainha não obtive qualquer resposta. Decidido a abandonar o locar acerquei-me dum residente do prédio e perguntei-lhe se ainda residia ali uma professora de Filosofia da qual me esquecera do nome. Pronto e solicito respondeu-me " residir, reside, não neste prédio, mas sim no prédio ao lado. Agradeci e praguejei contra a minha memória, enfim... o ADN. De novo fiz soar a campainha do apartamento mas de igual modo não obtive resposta. Ia afastar-me quando repareinum poster colado na parede do Hall. Reconheci  aquela figura de olhar vivo e tão acolher, tão envolvente, um rosto marcado pelo tempo, que para mim pareceu ter parado. Lançava naquele dia um livro "O Tempo Sem Amanhã" Helena Meireles. Voilá ali estava o seu nome. De imediato procurei nos bolsos um cartão aonde pudesse dizer-lhe " Helena, agora recordo o nome, estive aqui, se puder vou ao lançamento, senão felicidades, tenho desejo de estar consigo querida amiga.... um beijo".

Fui encontrar-me com os meus queridos amigos da vizinha Galiza. Estava entusiasmadíssimo com a ideiade de ir ao lançamento da Helena e sem mais rodeios propus a ideia a todos, o que foi logo consensualmente aceite. 

Ás17.30 acercamo-nos do auditário. Ali estava a minha estremosa amiga rodeada de amigos que por sua vez a envolviam de mimos. Ela não tinha olhos nem braços, nem abraços para tantos que a acarinhavam. Faziam um circulo fechado em sua volta como se duma flor se tratasse e houvesse necessidade de proteger. Os seus olhos encontraram os meus, os meus os dela e por momentos enquanto a emoção nos possuia, quedamo-nos a olhar um para o outro como se mentira fosse um realidade tão presente. Corremos para os braços um do outro, estreitamo-nos e percebemos como a Amizade não tem distancias nem longes. Refeita do momento com visivel emoção e olhando para todos os que nos rodeavam como a a exibir um troféu disse " Acreditam no Imprevisível? Aqui está o Imprevisível e o seu olhar meigo, doce e terno voltou a envolver-me, e como me senti tão lisongeado et ão pequenino na grandiosidade do seu carácter. De mansinho afastei-me para que outros seus admiradores e amigos disfrutassem do seu grande momento de felicidade.

Corri a comprar dois livros, um para mim e outro para oferecer aos  meus amigos galegos para que a Helena os pudesse assinar e conhecer.

A partir desse momento acompanhei mais de perto a Helena e visitei-a várias vezes e apreensivo fiquei por saber que a sua saúde a vinha preocupando.

Para a verdadeira Amizade há sempre um lugar espercial no nosso coração. é esse sentimento que nos diz que ainda temos lugar para o Amor, ainda temos sentimentos ainda vale a pena estar vivo.

 



publicado por estimulo às 22:12
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Terça-feira, 10 de Abril de 2007
Afia facas e navalhas

"afia facas e navaaalhasss " levanta-se o pregão e um som estridente arrancado com os beiços carnudos, saiu daquela pequena harmónica alfinetando os ouvidos, enquanto um objecto andante parecido com uma bicicleta amputada, saltitando aqui e ali, carregando guarda-chuvas, pequenas mós manipuladas por uma engrenagem complexa foi desaparecendo no jardim do <campo dos Mártires, empurrada por um mártir ainda vivo, que não percebi o que ainda o move, talvez o silvo agudo da pequena harmónica que até irrita as sonolentas e preguiçosas pombas dos beirais,ou inquieta os transeuntes que àquela hora vêm de forma distraída "secar o bacalhau" aos primeiros e tímidos raios solares da Primavera de ossos dormentes entalados nas molas de rede da velha cama que mal se aguenta em pé quanto mais aquele esqueleto pele e osso cheio de humidade e bafio, pela qual passaram muitos corpos magros e usados, suados, fedendo a alcóol, a suor ou sexo, ali passaram de forma breve como o tempo, como a sua vida, como passaram por muitas coisas da vida, em que não houvera tempo para tocar, cheirar, olhar ou possuir.

Defronte do jardim ergue-se o hospital como um contraste, um verdadeiro trama da vida, por um lado o cheiro perfumado dos ramos,ou o cheiro a éter, o cantar da passarada alvoroçada com o chegar da primavera da vida, e os gritos agonizantes do inverno da vida, pelos seus labirintos perdem-se crianças e adultos num esconde esconde encantador, pelos corredores sinistros desaparece gente de semblante caído, arrastando o luto e a dor. Hoje é dia de consulta no hospital que se ergue defronte do jardim, há um vai e vem contínuo adormecido entre as naves da entrada principal de figuras trajando antecipadamente de luto como a antever a desgraça, nisso terão de lhe ganhar, já que veio sem aviso, uma espécie de vingança surda, parece haver no seu interior muita dor e até um trem aguardando a hora de partida e porque não? se tanta gente ali entra e muito menos sai! Uma viagem sem retorno numa gare de grande azáfama aonde alguns acorrem apressadas como se o tempo de despedida se tivesse esgotado, como se a verdade só agora tivesse sentido. Porque para certas coisas não há um horário a cumprir, agora que todos se regem pelas horas? Os que voltam dos labirintos poucos são os que trazem espelhada no rosto a esperança, muitos são os que trazem a tristeza estampada, a dor a dobrar-lhes o tronco, o olhar baço, lavado e rosto sulcado de sal. Nascem novas crenças, novas atitudes, outros medos, outras incógnitas. O sol esconde-se atrás das grossas paredes do poente, os labirintos perdem a luz, os médicos e enfermeiros perdem a áurea, fica-lhes o branco das batas, o brilho dos metais e de toda a parafernália agora sem utilidade, até que o sol se muda para outras paragens. Também eu me mudo à procura do sol


sinto-me: desconfortável
música: let it be

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Em busca do imaginário

O Olhar fixo nas águas rugosas, as velas despejando ventos afastando-se de mansinho para longes tão distante como o meu pensamento. Vai-se me o olhar, vai-se me o pensamento na vaga que retorna à imensidão do oceano, nas velas depejando ventos, no diálogo das gaivotas , no diálogo dos cascos sulcando o azul turquesa, no murmurar das ondas que se roçam nos cascos apressados.

Descalço, de calça arregaçada, salpicada, de pés firmemente enterrados na fina areia cor de mel, sinto a frescura da água invadir-me, o meu rosto fatigado, fustigado, marcado pelo tempo e pela idade, surge qual bandeira de galeão drapejando à tona da água, que singra os oceanos de velas despejando ventos, levando e trazendo sonhos, encontros e desencontros, alegrias e tristezas, surge como as memórias e cada traço no rosto um sulco de galeão, muitos sulcos, muitos galeões, muitas derrotas, muitas velas desfraldadas despejando ventos afastando-se de mansinho para longes tão distantes como o meu imaginário, que se perde entre vagas que retornam à imensidão dos oceanos, nos diálogos das gaivotas, dos cascos sulcando o azul turquesa, no murmurar das ondas roçando os cascos velhos e gastos, apressados em busca do imaginário.


música: se eu quiser falar com Deus
sinto-me: despejando vento

publicado por estimulo às 01:46
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Porto de abrigo

Olá Amigos! Estou de volta e ansioso por vos escrever umas palavrinhas, depois de umas férias gostosas cheias de sol, sabor a mar na Ria de Vigo, ter picado umas tapinhas , "muita brincadeira" - não é Pucho e Teruca ? muita brincadeira, porque sem brincadeira, carinho e amor a vida não anda, Pucho e Teruca são um casal amoroso que tivemos a felicidade de conhecer.....- grandes velejadas, e o "Peregrino" portou-se muito bem quer nos dias de águas tranquilas, quer nos dias de águas agitadas e ventos frescos e malandros, mas foi delicioso vê-lo singrar na ria com todo o seu garbo e imponência e a forma como se fazia ao vento, lhe dava o flanco para sair de cenida " de rompante, um "malandro" este peregrino, um verdadeiro marinheiro e como tal um verdadeiro amante e muita diversão, umas deliciosas tapas na Taperia o Faro na Marina de Cangas, também umas conversas em jeito de tertúlia de picardia que entram pela noite adentro por vezes até pela madrugada. Não deixem de visitar a Taperia , provar os saborosos pinchos ou as tapas do Guilherme feitas com todo o profissionalismo e carinho, e não se espantem se forem surpreendidos com algum regalo do Gui , porque é assim e até que faz uma Tortilha divinal, um arroz de marisco (só por encomenda) porque o marisco é sempre do dia, e sobretudo tem uma dose grande de boa disposição para oferecer aos seus amigos e clientes, não nos deixando indiferentes ao seu humor. é aquilo que se chama um verdadeiro porto d' abrigo. A Marina de Cangas é fora do comum e só lá atracando é que se perceberá porquê.O seu pessoal sempre atento prima pela simpatia, pelo generoso acolhimento, pela educação e boa disposição. Pode ouvir uma boa piada do Pinho... ano de 1972... isto são coisas entre nós ,não é Pepe ? Aberlardo o guardião da noite, de palavra afável e simpatia desmedida, sempre pescando  na esperando que um choco tonto se distraia e caia na sua armadilha; Xoão um marinheiro muito atencioso e de um humanismo deslumbrante, - Gostei Xoão da tua atitude face ao regresso do Marcos o Irlandês - Xosé é também um marinheiro muito competente, correcto e atento sem ser de modo algum subsurviente e não esquecer a nossa querida Bea - Olá Bea até cantas bem - - mireite na "Tapas e Folia"  - ela é a coordenadora responsável da marina, uma gentileza, uma simpatia inegualáveis, fora do trabalho uma companheira na diversão, não deixa passar um Caernaval sem o gozar a preceito.Mas não há como ir até à marina de Cangas, atracar  apoiados pelos marinheiros e procurar a Taperia   O Faro e provar as suas iguarias e ficar ali "tranquilinhos" a saborear as tapas, a deliciar-nos no desfiar das conversas e dos gracejos, refrescando-nos com umas "canhas" ou aquecendo com umas boas copas de Rioja ou Albarinho, e depois farão comentários.

E toda esta diarreia mental começou com as minhas férias e as grandes velejadas. Ah! Ainda não conhecem a minha mulher a Maria que é a minha companheira de aventuras e  desventuras em terras de Monarcas, muy danada para a bricadeira e grande apreciadora dum bom Rioja e das tapas do Gui e da Lurdes sua esposa. Lurdes é muy aficionada de motas, principalmente do Dani Pedrosa, o seu campeão favorito, uma personagem a conhecer e de quem de imediato se gosta.

Quero aproveitar o momento para fazer referência às festas da Páscoa que são uma verdadeira "passada" - coisa nunca vista, até dizem que são as celebrações mais fortes da zona, imaginem que num dia fizeram quatro procissões com andores representando quadros dos últimos momentos de vida de Cristo, perfeitamente majestosos, acompanhados por confrarias, grupos de gaitas e uma banda de música de uma povoação próxima. A procissão do Enterro de Cristo foi simplesmente magnífica.

Por hoje ficamos aqui, mas há mais.....e não se inibam de comentar ou de brincar


sinto-me: malandro
música: Tenho Sede - Gilberto Gil

publicado por estimulo às 00:12
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Segunda-feira, 26 de Março de 2007
Libertar amarras
Libertar as amarras! Ouso eu perguntar há quanto tempo não se liberta das amarras que o levam ao sedentarismo, ao nãovalepenisno, ao conformismo de que já não tenho idade para isso ou outras desculpas esfarrapadas em que tão hábeis somos em inventar como a justificarmo-nos.Salte dessa poltrona coçada de se mover de tanta insatisfação, roída do azedume da sua bilis, olhe-se ao espelho, penteie esse cabelo ou deixe-o assim desgrenhado, se calhar até lhe dá um ar mais excêntrico de que gosta, barbeie-se ou não, retoque-se ou não e para todo esse ataviar invente como costuma fazer para outras situações uma desculpa e não pense nos outros, mas em si. Há quanto tempo não pensa em si? Há quanto tempo faz tudo só para agradar ao outros ou não aborrecer os outros, e logo agora que tem,ainda bem, mais tempo livre, em que os outros se apressam a ocupar, quer para lhes termos o almoço prontinho,quer para lhes passear o Terra Nova que sofre prisão de ventre, pudera naquele ambiente qualquer um fica passado, quer para ir às compras...um sem fim de tarefas em que amigos, vizinhos, familiares ( e a estes se lhes diz não ou torce o nariz fazem-se cobrar) e outros mais chegados. Ouse fazer uma revolução pela sua LIBERDADE, ouse dizer NÂO, torne-se assertivo, se pensou dizer não, diga não, e não fique a ruminar no assunto, queixando-se a este e àquele que lhe pediram o carro que ele tanto estima e não teve coragem de dizer não, que lhe pediram mais uns euritos e não conseguiu dizer não ao diabrete do sobrinho, da vaidosa da filha, do manhoso do genro, da ensonsa da vizinha que nunca tem dinheiro para a água, mas para marginal do neto derrete-se toda,ponha ponto final a isso e como diziam os Humanos - Mudar de Vida!!! E tanta prosa para os convidar a olhar à vossa volta e olhar o mar, o horizonte, sonhar, sonhar que navegam docemente, de velas enfunadas, olhando as águas cristalinas, sentindo a aragem, qual afável brisa que nos acaricia o rosto, sentir-se desafiante, sobretudo vivo, vitorioso por ter deixado aquela poltrona puída, confidente de resmungares,amarfanhada por gestos de raiva, sem saudades da vizinha desgrenhada, do Terra Nova nervoso e mijão, do  Sô Manel do Super, da estérica da filha que tem uma voz tão esgaiçada que até dói, senhor (a) de si, que até os males lhe desapareceram,assim sim. Já se sentou numa esplanada a comtemplar o vai vem dos transeuntes, a ouvir histórias de voz entrecortada da mesa de esplanad ao lado? Já se riu da Balzaquina de nariz no ar que se estendeu ao comprido de no trotoir do jardim deixando ver as partes pudibundas que tanto arrecada, pois bem vá-se ao mar, ao jardim, a ouvir um concerto, deixe-se de Preço Certo e se isso não lhe diz nada contacte-me aqui no blog ou para o meu e-mail: maruco@sapo.pt e convido-o a dar um passeio de barco na Ria de Vigo e a passar um dia de mar comigo e a minha mulher (se ela não estiver a trabalhar), só tem de trazer umas sandocas, água ou umas bejocas e o resto é connosco, vai ver que vai gostar e vai-se sentir vivo(a) por ter ousado e se sentir feliz, pelas sensações, pela decisão e por tudo o mais. Era este o desafio que desejava lançar. Não aceito desculpas que enjoa, na ria ninguém enjoa, as águas são calminhas o barco é confortável e quanto aos meus honorários paga-me com a sua agradável companhia, é claro que têm de deixar o azedume, a má disposição, a tristeza no cadeirão, não vos conheçemos, não nos conhecem, mas vamos prendá-los coma nossa companhia, o nosso tempo, o nosso barco, o nosso melhor. Façam-se à vida e vivam amigos. Um abraço 

sinto-me: livre
música: Hino da Alegria
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publicado por estimulo às 23:59
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além fronteira

Seguindo o caminho de Santiago entramos fronteira adentro e a partir daí todos o caminhos vão dar a Santiago, ou seja ao Paraíso. Já  pensou em conquistar, ou melhor conhecer a Galiza? Não perca tempo a pensar aonde vai quando tem algum tempinho para tirar, aqui tão perto e tão longe. Vai adorar, as rias sonolentas penetrando terra adentro, línguas de terra verdejante a fazerem-se ao mar como os marinheiros de antanho, e enquanto invadem o mar oferecem-nos recantos paradisíacos de areia finissima cor de alba, águas turquesas refrescantes, recantos abrigados e apetecidos, escarpas arrogantes debruçadas sobre o mar, qual gigante Adamastor, ou enseadas convidativas a fundear os veleiros vindos de longe ou de perto e aí permanecer eternamente. O embalo das ondas, a companhia alegre e bricalhona dos golfinhos ou dos mergulhões furtivos na sua faina, o ondular da vegetação dançando ao vento, deixam-nos deslumbrados e com a promessa de lá voltar. Só que ao voltar outros lugares se nos oferecem e não resistimos ao acolhimento, à beleza, à sedução, já não só do lugar como das gentes,gente de bem , laboriosa, pronta a oferecer-te um saco de mexilhõo se abordares alguma bateia (plataforma aonde se desenvolve o mexilhão) disponível ao convívio, à brincadeira, a aceitar-te no grupo sempre divertido, direi sempre em festa


sinto-me:
música: Maria la Portuguesa - Carlos Cano

publicado por estimulo às 22:53
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