O Olhar fixo nas águas rugosas, as velas despejando ventos afastando-se de mansinho para longes tão distante como o meu pensamento. Vai-se me o olhar, vai-se me o pensamento na vaga que retorna à imensidão do oceano, nas velas depejando ventos, no diálogo das gaivotas , no diálogo dos cascos sulcando o azul turquesa, no murmurar das ondas que se roçam nos cascos apressados.
Descalço, de calça arregaçada, salpicada, de pés firmemente enterrados na fina areia cor de mel, sinto a frescura da água invadir-me, o meu rosto fatigado, fustigado, marcado pelo tempo e pela idade, surge qual bandeira de galeão drapejando à tona da água, que singra os oceanos de velas despejando ventos, levando e trazendo sonhos, encontros e desencontros, alegrias e tristezas, surge como as memórias e cada traço no rosto um sulco de galeão, muitos sulcos, muitos galeões, muitas derrotas, muitas velas desfraldadas despejando ventos afastando-se de mansinho para longes tão distantes como o meu imaginário, que se perde entre vagas que retornam à imensidão dos oceanos, nos diálogos das gaivotas, dos cascos sulcando o azul turquesa, no murmurar das ondas roçando os cascos velhos e gastos, apressados em busca do imaginário.